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Guia prático dos benefícios flexíveis: mapa fiscal por benefício (IRS/TSU)

25/09/2025

Descubra as 12 questões mais frequentes sobre o cartão refeição, com respostas claras, atualizadas e fundamentadas na legislação em vigor.

Definir um pacote de benefícios flexíveis que agrade à equipa e faça sentido fiscalmente não tem de ser um quebra-cabeças. Este guia reúne o que realmente interessa: como cada benefício é tratado ao nível do IRS e TSU, quais os limites de isenção e como tudo isto impacta o rendimento líquido do colaborador e o custo total para a empresa.

Em linguagem direta e com exemplos simples, vai ter acesso a uma tabela-mapa e explicações rápidas para os benefícios mais usados: vale/cartão refeição, cheque-infância, vale educação, seguro de saúde, transportes, ginásio & bem-estar, formação e prémios de desempenho. Se é de RH ou do Departamento Financeiro, vai conseguir decidir o mix ideal com segurança, maximizando a poupança, sem esquecer a conformidade legal.

Resumo do artigo

Em 2025:

  • O cartão/vale refeição está isento até 10,20€/dia (no numerário a isenção fica nos 6,00€/dia).
  • O cheque-infância é isento de IRS e TSU e ainda permite majoração de 40% em IRC.
  • O vale educação é isento de TSU, mas tributado em IRS.
  • Os seguros de saúde coletivos com caráter geral tendem a não tributar no colaborador.
  • Os prémios de desempenho podem ter isenção de IRS até 6% da retribuição base anual, mediante regras.

Porque este guia importa

Os benefícios flexíveis deixaram de ser um “nice to have”. São hoje uma forma inteligente de aumentar o rendimento líquido do colaborador e baixar o custo total para a empresa, sem deixar de cumprir as regras.

Em 2025, destacam-se dois pontos muito práticos: o teto de 10,20€/dia para refeição em cartão/vale (e 6,00€/dia em numerário) e a possibilidade de isenção em prémios até 6% da retribuição base anual (com condições). O objetivo deste guia é mostrar, em linguagem clara, como cada benefício se comporta em IRS e TSU e quando vale a pena optar por cada opção.

três funcionarios que recebem beneficios flexíveis a trabalhar num escritorio

IRS e TSU nos benefícios flexíveis para evitar surpresas

Antes de aprofundar o tema das isenções e limites, vale a pena recordar alguns conceitos.

IRS é o imposto sobre o rendimento do colaborador: a empresa faz a retenção na fonte e o acerto acontece na declaração anual.

Já a TSU são as contribuições para a Segurança Social, com duas parcelas calculadas sobre a base contributiva: 23,75% a cargo da empresa e 11% do colaborador.

Sempre que um benefício está excluído dessa base, não paga TSU, existindo aqui oportunidade para muitas das poupanças.

Como o IRS e a TSU incidem nos benefícios flexíveis

Um benefício pode ser:

Isento de IRS e excluído de TSU (ex.: cartão refeição dentro do limite, cheque-infância). Os beneficios flexíveis que se enquadram neste cenário são os mais vantajosos.

Tributado em IRS, mas excluído de TSU (ex.: vale educação). Este tipo de benefício flexível ajuda a controlar as contribuições, mas tem impacto no rendimento líquido do colaborador.

Tributado em IRS e sujeito a TSU (ex.: exceder limites, pagamentos em numerário fora das regras, prémios acima dos limites). Estes benefícios têm um custo total mais alto.

Regra mental para decidir os benefícios flexíveis

  • Quer maximizar o rendimento líquido do colaborador e reduzir o custo total para a empresa? Procure benefícios com isenção em IRS e exclusão de TSU.
  • Se tiver de escolher apenas uma vantagem, excluir TSU costuma ter maior impacto no custo total (23,75% empresa + 11% colaborador), sobretudo em equipas grandes.
  • Nunca ultrapasse limites (ex.: 10,20€/dia no cartão refeição): o excedente passa a contar para IRS/TSU.

Exemplos

  • 100€ em benefício excluído de TSU: a empresa não paga os 23,75€ de contribuição sobre esse valor; o colaborador também não desconta os 11€. E se o benefício for isento de IRS, recebe o valor por inteiro.
  • 8€/dia de refeição:
    • Cartão/vale (≤10,20€): 0€ de IRS e 0€ de TSU.
    • Numerário (isenção só até 6€): 2€ por dia passam a tributar (IRS/TSU).

Onde costumam surgir “surpresas”

  • Caráter geral: se o seguro de saúde ou o passe for “apenas para alguns” sem critério objetivo, pode perder isenções.
  • Formato do benefício: trocar cartão por numerário pode mudar a regra (ex.: refeição).
  • Documentos: sem relatórios de carregamento, faturas, apólices e regulamentos, a empresa arrisca requalificação fiscal.
  • Exceder tetos: tudo o que ultrapassa limites entra em IRS/TSU.
Benefício IRS (colaborador) TSU (empresa/colab.) Limite prático de isenção IRC (empresa)
Cartão/vale refeição Isento até 10,20€/dia; em numerário, isento até 6,00€/dia Excluído até ao limite 10,20€/dia (cartão); 6,00€/dia (numerário) Custo dedutível
Cheque-infância Isento Isento Elegibilidade: pré-escolar Majoração 40%
Vale educação Tributado Isento Dedutível (sem majoração)
Seguro de saúde (coletivo) Em regra, não constitui rendimento (caráter geral) Em regra excluído Custo dedutível
Transportes (passes) Em regra, isento até ao valor do passe Excluído até ao valor do passe Valor do passe Custo aceite
Ginásio & bem-estar Depende do enquadramento (saúde/bem-estar) Pode estar excluído se bem documentado Custo dedutível
Formação profissional Não tributa quando ligada à função Em regra excluída Custo dedutível
Prémios de desempenho Isento até 6% (condições) Pode beneficiar de exclusões 6% da base anual Custo dedutível

Regra de ouro: se quer isenção/exclusão, garanta o caráter geral, documentos bem guardados e limites respeitados.

Tipos de benefícios flexíveis: quando usar e como comunicar

Apesar dos benefícios flexíveis serem cada vez mais valorizados em todo o mundo, cada um serve um determinado objetivo. Uns aumentam o rendimento líquido imediato (refeição), outros apoiam a família (infância/educação), outros reforçam bem-estar e retenção (saúde, ginásio) e há ainda os de desempenho (prémios).

Cartão/vale refeição

A forma mais direta de aumentar o rendimento líquido do colaborador sem inflacionar o custo total. Em vale/cartão refeição, a isenção vai até 10,20€/dia; no numerário, fica nos 6,00€/dia. Planeie o carregamento mensal com base nos dias úteis e evite excedentes que passem a tributar.

Pergunta frequente: "Pago 8€/dia: compensa cartão?"

Sim. 8€/dia em cartão fica todo isento; em numerário, só 6€ são isentos e 2€ passam a tributar.

Cheque-infância

Para colaboradores com filhos em idade pré-escolar, é difícil encontrar melhor: isento de IRS e de TSU e com majoração de 40% em IRC. Garantir elegibilidade e caráter geral é o que mantém a vantagem intacta.

Pergunta frequente: "Existe limite legal?"

A lei não define um teto universal; o foco está na elegibilidade, caráter geral e documentos em ordem.

Vale educação

Útil para famílias com filhos mais velhos: isento de TSU, mas tributado em IRS. Funciona bem quando a empresa quer controlar contribuições e ainda assim apoiar a educação, sabendo que no colaborador haverá tributação.

Pergunta frequente: "Ainda é isento de IRS?"

Não. Hoje o enquadramento é TSU isenta / IRS tributado.

Seguro de saúde (coletivo, com caráter geral)

É dos benefícios mais valorizados pelas equipas. Em regra, quando é coletivo e de caráter geral, não tributa no colaborador, nem entra na base de TSU. Para a empresa, é um custo dedutível e reduz absentismo.

Pergunta frequente: "E se for só para as chefias?"

Sem caráter geral, pode passar a tributar. Uniformize a política ou defina critérios objetivos de elegibilidade.

Transportes (passes)

Quando a equipa usa transportes públicos, é uma solução limpa: isento em IRS e excluído de TSU até ao valor do passe. Além do ganho fiscal, melhora a pontualidade e reduz custos indiretos (ex.: estacionamento).

Ginásio & bem-estar

O tratamento fiscal depende do enquadramento (saúde/bem-estar/apoio social). É possível excluir TSU com políticas corretas e documentação; alinhe com programas de prevenção e bem-estar real.

Formação profissional

Quando a formação é indispensável à função, não tributa no colaborador e é custo dedutível. Excelente para equipas técnicas e programas de upskilling.

Prémios de desempenho

Podem estar isentos até 6% da retribuição base anual, desde que cumpram requisitos (voluntários, não regulares, critérios claros). Mantenha um regulamento simples, transparente e com evidência de objetivos.

dois funcionarios que recebem beneficios flexíveis a trabalhar num escritorio

Exemplos práticos

1) Refeição a 8€/dia (22 dias úteis)

Numerário: isento até 6€ → 2€/dia tributam → 44€ tributados/mês.

Cartão/vale: 8€/dia isentos (ficam abaixo de 10,20€).

2) Quanto carregar por mês no cartão refeição

10,20€ × 22 dias = 224,40€ → referência mensal totalmente isenta.

6,00€ × 22 dias = 132,00€ → referência de isenção em numerário.

3) Prémio anual com limite de 6%

  • Base anual 24.000€ → 1.440€ potencialmente isentos. Pagar mais do que isso faz a diferença tributar.

Como decidir o mix mais eficiente para os benefícios flexíveis (IRS vs TSU)

Pense em duas métricas:

  1. Rendimento líquido do colaborador (quanto chega ao bolso).
  2. Custo total da empresa (salário + contribuições).

Na maioria dos cenários, excluir TSU (23,75%+11%) tem forte impacto no custo total; combine com isenções de IRS quando possível. Exemplos que funcionam bem:

  • Famílias com crianças pequenas: Refeição (cartão) + Cheque-infância + Transportes.
  • Equipa urbana sem filhos: Refeição (cartão) + Transportes + Formação.
  • Perfis sénior/tech: Refeição (cartão) + Seguro de Saúde + Formação.

Se há mensagem a reter deste guia é esta: o mix certo de benefícios flexíveis aumenta o rendimento líquido do colaborador e baixa o custo total da empresa.

A fórmula passa por três pilares simples: respeitar limites (ex.: 10,20€/dia no cartão refeição), assegurar caráter geral e guardar a documentação (apólices, relatórios de carregamento, faturas, regulamentos). O resto é execução: escolher o benefício certo para cada perfil e comunicar de forma clara.

equipa de funcionarios felizes porque recebem beneficios flexíveis

Perguntas frequentes sobre a fiscalidade dos benefícios flexíveis

Quais os benefícios flexíveis isentos de IRS?

Os benefícios flexíveis isentos de IRS são cartão refeição (até 10,20€/dia em cartão), cheque-infância, seguros de saúde coletivos (caráter geral) e passes, entre outros corretamente enquadrados.

O vale refeição paga IRS/TSU?

Não, o vale refeição não paga IRS/TSU até aos limites (10,20€ em cartão; 6,00€ em numerário). O excedente tributa.

Os vales infância são dedutíveis no IRS?

No colaborador são isentos; para a empresa contam como um custo com majoração de 40% em IRC.

Posso oferecer ginásio sem pagar TSU?

Pode, dependendo do enquadramento e da documentação.

Saúde ou refeição: o que é mais vantajoso?

Normalmente, ambos. Refeição maximiza o líquido diário; saúde gera valor percebido e não tributa quando é coletivo e geral.

IRS vs TSU: o que pesa mais?

Em muitos casos, TSU é o maior fator no custo total. Daí a importância de benefícios com exclusão de base contributiva.

 

Gonçalo Julião

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